Um dos principais efeitos directos associados às alterações climáticas é o aumento de temperatura média do ar à superfície da terra relacionado com as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), os quais têm um papel significativo. Observou-se que a temperatura neste último século aumentou em média 0,6 ºC e prevê-se que possa aumentar entre 1,5 ºC e 5,8ºC até final do século, aproximadamente 262 Milhões de pessoas foram afectada pelos desastres relacionados com as alterações climáticas, entre 2000 e 2004, a maior parte em países desenvolvidos.
As ondas de calor são um fenómeno que ocorre cada vez mais com maior frequência e intensidade, amplificando os problemas associados ao stress térmico e ao aumento da taxa de mortalidade principalmente nas pessoas que sofrem de doenças cardiovasculares e doenças respiratórias.
As cidades cada vez mais são consideradas ilhas térmicas, em que o aumento das temperaturas na malha urbana é superior em 5 ºC em relação às áreas rurais. Estas ultimas resistem mais à perda de calor nocturna.
Em 2003 na Europa morreram aproximadamente 33000 pessoas relacionadas com as ondas de calor, em que as temperaturas subiram aos 35 ºC a 40ºC e ocorreram muitos picos acima dos 40ºC.
Em Portugal em 2003, o excesso global de óbitos associado ao período da onda de calor foi estimado em cerca de 1953, no ano de 2006 verificou-se que a temperatura média do ar foi superior em 1,05ºC face à média observada entre 1961 e 1999. Este foi considerado o 5º ano mais quente desde 1931. No Verão de 2006, registaram-se 5 ondas de calor durante o período de 24 de Maio a 9 de Setembro, estimando-se em 1259 o número de mortes associado a este fenómeno.
Desde 2004 que o Ministério da Saúde tem em funcionamento o Plano de Contingência para as Ondas de Calor, com vista a mitigar os efeitos das ondas de calor na saúde pública.
As chuvas intensas, as cheias, as tempestades e as secas são outros dos fenómenos potenciados pelas alterações climáticas, quer em frequência quer em intensidade.
As cheias associadas às alterações dos padrões de precipitação, são um dos desastres naturais mais comuns, sendo responsáveis por mais de 100000 mortes ano e milhões de pessoas desalojadas. Este fenómeno varia de região para região, sendo a Ásia a zona mais afectada, e prevê-se um aumento deste problema na África Ocidental e América Central e do Sul.
Em termos de saúde prevê-se um aumento de doenças de origem hídrica, infecções, doenças respiratórias e doenças de pele, assim como a alteração da qualidade da água associada à contaminação cruzada com esgotos e arrastamento de poluentes para o meio hídrico.
As tempestades e os furacões são também responsáveis por muitas mortes no planeta, o El Nino, o Katrina, etc…
O aumento das secas é outro aspecto preocupante. O aumento das áreas desertas levará por um lado à diminuição das áreas cultiváveis, à diminuição das colheitas em 50%, ao aumento dos problemas de subnutrição, à diminuição das reservas de água e a um aumento do stress hídrico, sendo a Região Africana a mais afectada. Hoje afecta 75 milhões, prevendo-se que no futuro venha a afectar 250 milhões de seres humanos.
As secas e a desflorestação também potenciam a alteração da vegetação, alteração do uso do solo, a erosão, e potenciam a ocorrência de incêndios, diminuindo a biodiversidade e a possibilidade de vida, correspondendo a um impacte grande na segurança alimentar e na disponibilidade de alimentos face às necessidades.
É expectável que a Região Sul da Europa e as zonas mediterrâneas sejam afectadas pelos fenómenos das secas crescentes, aumento dos fenómenos de desertificação e erosão dos solos e um aumento do stress hídrico.
As doenças sensíveis ao clima como as doenças diarreicas que causam a morte a 1,9 de milhões de pessoas por ano ou a malária que mata aproximadamente 1 milhão de pessoas por ano, ou o Dengue, devem merecer uma atenção especial.
Fonte: A Protecção da Saúde dos Efeitos das Alterações Climáticas, Paulo Diegues, Claudia Weigert, Vítor Martins, Direcção Geral da Saúde (http://www.dgs.pt/)
0 comentários:
Enviar um comentário